Entre eu e minha obra no qual estava prestes a nascer existia apenas ela. Estávamos ali; só nós dois. Eu, um amante da escrita temporariamente sóbrio e ela, uma bela e ardente ruiva que a cada encostar de lábios aumentava cada vez mais minha inspiração, providenciando assim mais vida para minha prematura obra. A cada sentir do seu gosto, minha mente se entregava cada vez mais a esse êxtase que enriquece meus pensamentos com sonhos, idéias, utopias que ferozmente pedem para serem expressas nas palavras de meus contos.
Fico imaginando se todas as minhas inspirações viessem de nossos encontros repletos de calor e provocações. Hoje eu estaria tão louco como o próprio Bacamarte, príncipe dos alienistas!
E quantos amantes assim como eu você já deve ter conquistado com seu sabor e encanto inconfundíveis? Desenhistas, escritores, pintores, filósofos e tantos outros artistas que já buscaram os ameaçadores e envolventes momentos inspiradores ao saborear seu gosto ardente e ao mesmo tempo suave.
E, assim, mais uma obra ganha vida. A única testemunha de mais um de nossos proibidos encontros, e ao ver de perto essa nova representação artística me surpreendo ao me dar conta de que ela é o teu próprio reflexo encarnado nas palavras derramadas naquela solitária folha de papel!
Finda a noite e mais um de nossos encontros. Quando será o próximo? E quais surpresas esse novo encontro para mim guarda?
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